MADRI VAI FERVER

LANCE! Sábado, 19 de setembro de 1998

por Cristina Cubero
Correspondente. BARCELONA

Um jogo cercado de provocações


Real Madrid e Barcelona jogam hoje o grande clássico do futebol, pela terceira rodada da Liga Espanhola. A ESPN Internacional transmite a partida ao vivo, a partir das 15h25min. A equipe madrilenha não poderá contar com Roberto Carlos, suspenso por uma partida. Jogador importante no esquema do técnico Guus Hiddink, Roberto Carlos terá que assistir à partida nas tribunas.
No entanto, o lateral já disse que vai descer até os vestiários para cobrar explicações de Giovanni, que o criticou bastante na última semana, quando disse que Roberto Carlos não era uma "pessoa confiável". Zangado, Roberto Carlos diz que está chateado porque Giovanni falou mal dele pelas costas.
Roberto Carlos não será o único problema de Giovanni hoje. O meia deverá enfrentar também a fúria da torcida madrilenha. No último clássico, Giovanni marcou o terceiro gol do Barcelona e decretou a vitória do time da Catalunha por 3 a 2. Na comemoração, Giovanni deu três "bananas" para a torcida do Real. Ontem, na chegada do Barcelona à capital espanhola, Giovanni foi insultado por torcedores.
Em grande forma, Sávio está confirmado para a partida depois de passar um dia treinando separado do time, recuperando-se das pancadas sofridas no jogo contra a Inter.
- Sávio é um jogador extraordinário. Tem muita magia e temos que trabalhar para que ele possa sempre jogar assim - explicou ontem Guus Hiddink.

Holanda x Holanda. Além do confronto entre os brasileiros Sávio, Giovanni, Rivaldo e Anderson, o clássico espanhol também marca um duelo entre holandeses. Serão seis dentro de campo e mais dois sentados no banco: os técnicos Guus Hiddink, do Real Madrid, e Louis van Gaal, do Barcelona.

RESULTADO:
19 setembro 1998 – Real Madrid 2 x 2 Barcelona

SÁVIO FENOMENAL

LANCE! Quinta-feira, 17 de setembro de 1998

A DERROTA DO MEDO

Real Madrid derrota a Internazionale por 2 a 0 no duelo entre o atual campeão da Liga e o campeão da Copa da UEFA

Isolado no ataque, Ronaldinho teve atuação apagada. Quem brilhou mesmo foi Sávio, que sofreu pênalti


No duelo entre os dois melhores jogadores do mundo - de acordo com eleição da FIFA -, quem roubou a festa foi o atacante Sávio. Veloz, o brasileiro foi o grande nome do Real na partida: cavou a expulsão de Fresi, ainda no primeiro tempo, e sofreu um pênalti. No final, vitória do campeão europeu sobre o campeão da Copa da UEFA. O Real, adversário do Vasco na final do Mundial Interclubes, venceu a Internazionale por 2 a 0, com gols de Hierro e Seedorf. É bom abrir o olho, Vascão.
A vitória do Real Madrid começou a se delinear das escalações. O técnico italiano Gigi Simoni veio para Sevilha disposto a arrancar um empate e nada mais. Winter, Simeone e Cauet formavam o meio-campo do time italiano, enquanto Roberto Baggio e Djorkaeff, dois talentosos jogadores mais ofensivos, faziam companhia a Simoni no banco de reservas. Resultado: um buraco interminável entre a defesa e o ataque, que deixou Ronaldinho e Zamorano completamente isolados durante toda a partida.
Para compensar a falta de ataque, Simoni armou uma autêntica barreira. Além dos três zagueiros fixos - Bergomi, Galante e Fresi -, os laterais Zanetti e Milanese ficaram plantados na defesa.
A diferença tática entre a falta de coragem de Gigi Simoni e o jogo ofensivo praticado por Guus Hiddink foi sentida assim que o árbitro escocês Hugh Dallas apitou o início da partida. O bombardeio do Real Madrid começou logo com dois minutos de jogo, com bela jogada de Sávio, que logo mostrou que estava a fim de jogo. O atacante driblou dois e foi parado com falta por Fresi. Roberto Carlos cobrou e isolou. Cinco minutos depois, nova jogada de Sávio. Ele cruzou pela esquerda e Raúl dá um bonito voleio que passou à direita do gol de Pagliuca.
Completamente apagado, Ronaldinho só foi notado no primeiro tempo por uma jogada aos 14 minutos, quando driblou dois e arrancou em direção ao gol antes de ser parado por Hierro. Pelo Real Madrid, Roberto Carlos protagonizava um festival de chutes tortos, cruzamentos mal-feitos e jogadas óbvias.
Depois da pressão inicial, o Real Madrid continuou dominando a partida, porém sem a mesma objetividade. Mijatovic e Raúl não estavam bem e as jogadas mais incisivas da equipe madrilenha partiam dos pés de Sávio e do holandês Seedorf. Em uma delas, aos 41 minutos do primeiro tempo, Sávio driblou Cauet e foi derrubado por Fresi, que já tinha cartão amarelo. A expulsão do zagueiro, no entanto, redobrou o ânimo da Inter, que praticamente se arrastava em campo.
A Inter começou o segundo tempo disposta a apagar a má impressão deixada no primeiro tempo. Dependente de Ronaldinho, a esperada reação durou apenas até a substituição do jogador brasileiro por cansaço, aos 29 minutos. Aos 33 minutos, Sávio faz bela jogada pela esquerda e é derrubado na área por Zanetti. Hierro cobra o pênalti e marca o primeiro para o Real. Simoni ainda colocaria Ventola, mas não adiantou. Já nos descontos, Karembeu, que entrara no lugar de Sávio, faz ótimo lançamento para Seedorf, que entra livre na área e toca na saída do goleiro Pagliuca, definindo o placar.

RESULTADO:
16 setembro 1998 – Real Madrid 2 x 0 Inter de Milão
Gols: Hierro aos 80' e Seedorf aos 91'

A freguesia de Milão

Seedorf - Maldini - Shevchenko - Inzagui

Vai ser um clássico disputado, com as duas equipes com chances de vencer, pois há muita rivalidade em campo etc etc etc.
Sem obviedades, o duelo Inter x Milan de hoje pelo Campeonato Italiano pode ser lido, por estatísticas, pela história e pela atualidade, como uma briga desigual.
Para começar o Milan começou com tudo. Foi fundado primeiro e alguns de seus membros criaram a Inter, dissidência rubro-negra.
Logo no confronto inicial, disputado na Suíça, 2 a 1 para o Milan (neste mês, o Derby milanês completa 95 anos de história).
Oficialmente, os interistas, que não vencem os rivais há 19 meses, sofreram a maior goleada da história do clássico: 0 a 6, recentemente (11 de maio de 2001).
A Internazionale tem esse nome por causa do Milan, que no início de sua existência não abria as portas para estrangeiros. Apesar disso, muitos gringos a serviço do clube de Silvio Berlusconi desgraçaram a Inter em solo italiano.
O brasileiro Altafini, por exemplo, marcou quatro gols no clássico disputado no dia 27 de março de 1960 (5 a 3 para o Milan), sendo o jogador que mais anotou em um jogo na história do confronto.
Aliás, o melhor da história aconteceu há poucos meses, na Copa dos Campeões. O Milan tirou a Inter com um gol "fora".
A Inter teve mais títulos italianos que o Milan. Teve. Hoje está 16 a 13 para o time mais brasileiro da Itália na atualidade. A Inter chegou a ter mais títulos internacionais que o Milan. Chegou. Hoje, está 15 a 7 para o mais velho.
O jogador que mais atuou no clássico? Maldini, o filho, ainda capitão do Milan (45 vezes).
Em 1969, os times se cruzaram pela segunda vez fora da Itália. Pelo Torneio de Nova York, nos EUA, um show (do Milan): 6 a 4.
Sem mais rodeios, os números gerais: 97 vitórias milanistas, 88 triunfos interistas e 71 empates. Foram 73 encontros com caráter meio de mata-mata, com 36 sucessos do Milan e 24 da Inter.
Futebol é momento. Ok. Inzaghi já fez nove gols em Toldo. Mas o Inzaghi não deve jogar hoje. Ok. Shevchenko já marcou dez gols em sua curta trajetória contra a Inter (Vieri, em sete jogos contra o Milan, anotou só uma vez).
Carlo Ancelotti pode ser cauteloso em excesso, mas é um pé-quente. Sem falar em sua vitoriosa carreira como jogador, faturou quatro títulos de expressão como técnico. Héctor Cúper pode ser estrategista ao extremo, mas é um pé-frio. Com mais tempo que Ancelotti como treinador, ganhou apenas duas taças, ambas sem grande significado, digamos.
A Inter não vence o scudetto desde 1989. Naquela ocasião, o treinador da equipe era Giovanni Trapattoni, o mesmo que dirige a Squadra Azzurra e o mesmo que fez toda uma vida no Milan.
Hoje, o time azul e negro será mandante no San Siro (Giuseppe Meazza, interista, não apagou o San Siro). Mandará em campo?
Os torcedores da Inter deverão odiar a coluna, que mostrou certa vez, por meio de uma pesquisa com os leitores, que o Milan tem a maior torcida no Brasil entre os clubes estrangeiros. Entenderei possíveis protestos, afinal, como se diz, freguês tem sempre razão.

POR RODRIGO BUENO em 05 de outubro de 2003.
Folha de São Paulo

RESULTADO:
05 outubro 2003 – Inter 1 x 3 Milan - 1 gol de Kaká

Como um grande campeão

Pronto! O São Paulo não é mais apenas o melhor elenco do Campeonato Brasileiro. É agora, também, o melhor time do país. Disparado!
Por menos que Oswaldo de Oliveira possa gostar do que está lendo, seu time, em grande parte graças a ele, encontrou-se e, ao que parece, definitivamente.
E volta a ser o grande favorito ao título, com a vantagem de o favoritismo não pesar mais como no começo do campeonato, quando Ricardinho não estava à vontade e o entrosamento era apenas projeto.
Com a inteligência que o caracteriza, o ex-número 1 do Corinthians no primeiro semestre deste ano soube ocupar seu espaço como coadjuvante, discreto e brilhante, mais ou menos como fazia quando tinha Dida, Gamarra, Rincón, Marcelinho, Edílson, Luizão, como companheiros.
Não que o atual time tricolor já seja tão bom com aquele alvinegro, mas fato é que Ricardinho soube dar o equilíbrio que faltava ao São Paulo que falhava na hora agá.
É claro que o time não ganhou nada, para usar o chavão, e que pode até não ganhar o título, não fosse o futebol o que é.
Detalhes, como a ausência de um Maldonado diante da defesa ainda problemática, podem pesar, por exemplo. No entanto, é inegável que a série de sete vitórias seguidas é impressionante não só em si mesma como, também, pela maneira categórica como os triunfos têm sido obtidos, quase sem dar chances de reação aos adversários.
E veja que nem se trata de dizer que a campanha são-paulina é irrepreensível (porque o começo foi irregular) ou necessariamente a melhor, já que o aproveitamento do Corinthians ainda é ligeiramente superior. Trata-se, isso sim, de constatar a maneira pela qual o time de Rogério, Simplício, Ricardinho, Luís Fabiano, Reinaldo e Kaká vem se impondo, sem choro nem vela.
A sensação que se tem é clara: quando a nova direção do Morumbi manifestou que a classificação para a Libertadores do ano que vem era o objetivo inarredável, o treinador sentenciou: "Se vocês me derem o Ricardinho, eu lhes darei o céu".
E está dando, está cumprindo, não só com eficácia como, ainda, com beleza, com o prazer do jogo bem jogado, vistoso, 48 gols, mais de dois por jogo, 18 de saldo, porque, repita-se, atrás as coisas não fluem tão bem como do meio para frente.
Fica difícil imaginar esse time sendo superado no mata-mata, em dois jogos para cada confronto, com a possibilidade de reagir diante de algum tropeço, sempre natural.
O São Paulo passa segurança, confiança, alegria. De campeão.

Juca Kfouri em 02 de novembro de 2002.

Uma breve história do River Plate


A história do River Plate, que ontem enfrentou o Palmeiras pela Libertadores, permite avaliar o que é "nacional" e o que é "estrangeiro" numa atividade cultural. O clube foi fundado por britânicos, em 1901, e é por isso que, como muitos outros times argentinos, tem o nome em inglês. Mas acabou se tornando uma das intituições mais tipicamente nacionais da cultura argentina.
Na chamada época clássica do futebol argentino, desde a regulamentação do profissionalismo em 1935, até 1950, o River chegou a manter seis times em diferentes divisões - dois profissionais e quatro amadores. Até mesmo o sexto time atraía 15 mil torcedores em jogos importantes. Data dessa época, em que o River foi campeão sete vezes e o Boca Juniors cinco, a célebre rivalidade entre dois clubes.
Data também dessa época a construção dos grandes estádios dos dois times, financiada pelo governo, em troca da manutenção, em suas dependências, de escolas do fundamental e do secundário.
Em 1938, quando foi inaugurado o seu estádio, inclusive com um restaurante para 2 mil pessoas, o River tinha 44 mil sócios. Seu ataque era chamado de "A Máquina": Muñoz, Moreno, Pedernera, Labruna e Lousteau (ou Deambrosi), todos de fama mundial. Era o auge do futebol na Argentina: entre 1936 e 1938, não houve nenhum empate 0 a 0 na primeira divisão - ou seja, não houve nenhum jogo sem gols.
O interessante é que o River, como o Boca, nasceu também no bairro da Boca, e só quando ele se mudou para o novo estádio é que o jogo River x Boca se tornou o clássico dos ricos contra o povão. No entanto, ao contrário de times brasileiros como o Fluminense e o São Paulo, o River não passou a ser considerado um time de elite por ter sido fundado por integrantes da elite argentina. E sim porque, sendo um clube de muito público e muitas rendas, foi um dos primeiros clubes da América do Sul suficientemente rico para poder reunir um elenco só com grandes jogadores.
Desde 1932, o time do River passou a ser chamado de "Os Milionários". E isso vale até hoje. A tal ponto que o clube quis instaurar a Universidade River Plate - isto mesmo, uma instituição de ensino superior, financiada pelo futebol.

por Renato Pompeu em 20 de maio de 1999.

Londres é azul



1905

Fundado no dia 14 de março de 1905, o Chelsea alcançou a elite em 1907 ao sagrar-se vice-campeão da Segundona no ano anterior. Durante os primeiros anos, o clube, sem recursos, tentou se sustentar na elite, mas suas colocações foram modestas. Caiu uma vez (1909) voltou em 1913, sempre corria risco de rebaixamento e seu primeiro sucesso foi fazer a final da Copa da Inglaterra de 1915 (perdeu para o Sunderland).

Blue is the colour

 
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