O herói de 1994 agora é quarentão

Roberto Assaf

09/05/2006

Um dos maiores goleiros brasileiros de todos os tempos está completando 40 anos de idade.
Cláudio André Mergen Taffarel nasceu em Santa Rosa, interior gaúcho, em 8 de maio de 1966. Começou a deixar o anonimato no Mundial de Juniores de 1985, realizado na União Soviética, quando conquistou o título. Logo ganhou espaço em seu clube o Inter de Porto Alegre.
Foi herói nacional pela primeira vez durante a Olimpíada de 1988, em Seul, quando levou o Brasil à decisão defendendo dois pênaltis em disputa com a Alemanha. Ganhou a Copa América de 1989, foi titular no Mundial de 1990, e trocou em seguida o Rio Grande pelo Parma, da Itália.
Uma falha na derrota de 2 a 0 para a Bolívia, nas eliminatórias para 1994, poderia ter abreviado sua carreira na Seleção. Marco “El Diablo” Etcheverry chutou fraco, a bola bateu no calcanhar do pé esquerdo do goleiro e entrou. Mas no ano seguinte, no Mundial dos EUA, Taffarel obteve a consagração definitiva, ao defender pênaltis na final com a Itália, que deu o tetra ao Brasil.
Chegou a afastar-se da Seleção, após ser responsabilizado pela perda da Copa América de 1995 para o Uruguai, mas regressou em 1997, para levar a Seleção à nova decisão do Mundial, o de 1998, pegando mais pênaltis, na semifinal com a Holanda.
A derrota de 3 a 0 para a França fez Taffarel dar por encerrada a carreira internacional. Levando-se em conta todas as categorias, foram 14 anos de Seleção Brasileira.


CURIOSIDADES

□ Em setembro de 2003, aos 37 anos, Taffarel dirigia-se à cidade de Empoli, para assinar contrato de dois anos com o Empoli, quando seu BMW, que jamais falhara, enguiçou. O goleiro entendeu como um aviso para encerrar. E assim o fez.

□ Outros títulos de Taffarel: Copa da Itália (1992), Recopa da Europa (1993), Supercopa da Europa (1993 e 2000), Mineiro (1995), Copa Conmebol (1997), Campeonato Turco (2000), Copa da Turquia (2000) e Copa da Uefa (2000).

A hora de vingar 82

LIÇÕES DA BOLA


João Pedro tem seis anos e uma paixão por futebol que se revela a cada dia. Vai ao estádio assistir aos jogos de seu time e no ano que termina assistiu até a um jogo da Seleção Brasileira no Pacaembu: Brasil x Guatemala. Nem se importou com o fato de faltarem estrelas, embora perguntasse por que raios Ronaldo, Ronaldinho e Kaká não estavam no gramado e sim um tal de Romário.
Na penúltima semana do ano, a do seu aniversário, João Pedro ganhou uma bola com o escudo da CBF estampado. Amarela, com detalhes verde, azul e branco. Nada mais patriótico, não houvesse nela o símbolo da Nike - que ele nem notou. Observou mais atentamente o número de estrelas acima do escudinho do Brasil e disparou:
- Tá faltando uma!
Deu de ombros quando o pai o corrigiu que todas as cinco estrelas estavam no lugar certo.
- Mas depois da Copa vai ficar faltando uma - argumentou.
Lembrei-me na hora de uma promoção para quem comprava camisas da Seleção no primeiro semestre de 1982. Custava baratinho. A camisa só tinha uma diferença em relação às usadas pelos jogadores, com o símbolo da CBF, com a marca Topper estampada na manga esquerda e o raminho de café do patrocinador, do lado direito do peito. Tinha também o logotipo da falida Poupança Continental na manga direita. Sairam aos milhares as camisetas. Um dos compradores era eu que, na mesma noite em que adquiri a preciosidade, informei ao meu pai que ela não seria legítima a partir de julho. Juro: disse a mesma frase a respeito da bendita estrelinha. A quarta estrela, que deveria ser estampada com a inevitável conquista do tetra, na Espanha.
Que dúvida podia ter o garoto, aos 13 anos, se desde 1980 assistia a shows de Zico, Sócrates, Cerezo e qualquer centroavante que vestisse a camisa 9 na ausência de Reinaldo? Em 1982, o Brasil já saiu daqui campeão do mundo, pelo menos para quem tinha menos de 15 anos naquele início dos anos 80. Pois foi em julho que aprendi a perder. Ou melhor, aprendi a não ganhar na véspera, lição que meu pequeno João Pedro um dia terá de tomar. Só espero que não seja na Alemanha.

Paulo Vinícius Coelho em 29 de dezembro de 2005.

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